ROSA DA FONSECA – A MÃE DA REPÚBLICA

Nascida em 18 de setembro de 1802, no Sítio Oiteiro, no Povoado Riacho Velho, na antiga Cidade de Alagoas — hoje Marechal Deodoro —, Rosa Maria Paulina de Barros Cavalcante da Fonseca, mais conhecida como Rosa da Fonseca, é uma das personalidades mais marcantes da história do município e do Brasil.
Filha de Antônia Maria de Barros e José de Carvalho Pedrosa, Rosa carregava raízes indígenas e afrodescendentes, o que à época representava um desafio social diante da aristocracia brasileira. Sua união com o militar Manoel Mendes da Fonseca Galvão foi duramente rejeitada pela tradicional família Galvão, de grande projeção social.
A recusa foi tão intensa que Manoel Mendes foi deserdado pela própria família, optando por abandonar o sobrenome Galvão. Esse rompimento marcou profundamente a identidade de sua descendência: os filhos do casal passaram a usar exclusivamente o sobrenome “Fonseca”, herdado de Rosa — algo incomum para o período, em que o nome do pai era regra. Assim, nascia uma linhagem ilustre com o nome da mulher que ousou desafiar os padrões de sua época.
💍 Casamento e formação de um legado
O casamento foi celebrado em 9 de dezembro de 1824, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, na então Cidade de Alagoas, com cerimônia oficiada pelo padre Antônio Gomes Coelho Mello. Rosa passou a se chamar oficialmente Rosa Maria Paulina da Fonseca, tornando-se a matriarca de uma das mais respeitadas famílias militares da história nacional.
🛡️ Mãe de Heróis
Rosa teve 10 filhos — dois deles mulheres, e oito seguiram a carreira militar. Três morreram em combate na Guerra do Paraguai. Criou seus filhos com rigor, fé e patriotismo, valores que os tornaram referência nas Forças Armadas e na política brasileira.
Entre seus filhos estão:
- Hermes Ernesto da Fonseca – Marechal do Exército e pai do futuro presidente Hermes da Fonseca.
- Severiano Martins da Fonseca – Marechal-de-campo, barão de Alagoas e diretor da Escola Militar.
- Pedro Paulino da Fonseca – Governador de Alagoas e senador da República.
- Manuel Deodoro da Fonseca – Proclamador da República e primeiro presidente do Brasil.


🌺 Legado e Homenagem
Rosa da Fonseca faleceu no Rio de Janeiro, em 11 de julho de 1873, sendo sepultada no Cemitério de São Francisco Xavier. Em 20 de agosto de 1979, seus restos mortais foram trasladados com honras militares para o túmulo monumental de seu filho, o Marechal Deodoro, no mesmo cemitério.
A antiga lápide de Rosa da Fonseca encontra-se hoje exposta na Casa de Deodoro, em Marechal Deodoro, aberta à visitação pública — como testemunho da mulher forte, ousada e à frente do seu tempo.
✨ Uma mulher que desafiou seu tempo
Montava a cavalo em pelo, nadava nas lagoas e circulava livremente pelas ruas da cidade. Comportamentos como esses fizeram com que Rosa fosse vista como “imprópria” pelos padrões da elite, mas sua ousadia é hoje reconhecida como símbolo de liberdade, coragem e identidade deodorense.
Rosa da Fonseca não foi apenas a mãe do proclamador da República — foi a Mãe de uma nova era, em que o Brasil começaria a se reconstruir sob os valores de igualdade e soberania.
HERMES ERNESTO DA FONSECA

Nascido em 11 de setembro de 1824, na antiga Cidade de Alagoas — atual Marechal Deodoro —, Hermes Ernesto da Fonseca foi o primogênito de Rosa da Fonseca e Manoel Mendes da Fonseca. Iniciou ainda jovem sua trajetória militar, tornando-se uma das figuras mais respeitadas do Exército Brasileiro no século XIX.
Aos 17 anos, alistou-se como praça no 1º Batalhão de Artilharia e matriculou-se na Escola Militar da Corte. Em 1844, foi nomeado alferes, destacando-se em diversas ações de combate durante a repressão à Revolta Praieira, em Pernambuco, incluindo os confrontos de Camaragibe, Serrinha e Pau Amarelo, o que lhe rendeu a promoção a 2º Tenente.
🎖️ Atuação militar e liderança
Com sólida formação e espírito combativo, Hermes Ernesto teve papel relevante em campanhas internas e externas. Em 1851, participou da campanha contra o ditador argentino Juan Manuel de Rosas, atuando na evacuação de Montevidéu e no comando da artilharia na fronteira com o Rio Grande do Sul.
Dois anos depois, já capitão, comandou uma bateria na invasão ao Uruguai, com o objetivo de proteger brasileiros que residiam naquele país.
Durante a Guerra do Paraguai, foi promovido a major e acampou às margens do rio Paraná, bombardeando posições inimigas no Itaipiru. Foi um dos protagonistas na travessia do Passo da Pátria, enfrentando combates intensos contra as forças paraguaias, e consolidando sua posição como um dos grandes nomes da artilharia nacional.
👑 Legado e descendência histórica
Hermes Ernesto foi irmão mais velho de Deodoro da Fonseca e pai de outro presidente da República: o marechal Hermes da Fonseca, que governou o Brasil entre 1910 e 1914. Com isso, Marechal Deodoro, sua terra natal, torna-se ainda mais emblemática por ter dado origem a dois presidentes da República da mesma família.
Seu nome está ligado à construção das Forças Armadas Republicanas, à defesa da soberania nacional e à consolidação de uma linhagem de líderes que marcaram profundamente a história do país.
NELSON DA RABECA
🎶 Tradição reinventada

A obra de Nelson da Rabeca é um verdadeiro tesouro da cultura rural nordestina, expressando com autenticidade gêneros como o xote, xaxado, baião e marcha. Ele não apenas tocava, mas construía artesanalmente suas rabeças, com ferramentas simples e mãos guiadas por talento e sensibilidade. O processo de fabricação, feito em seu terraço nos fundos de casa, era por si só um espetáculo à parte — carregado de ancestralidade, criatividade e amor pela arte.
Nelson representava o saber popular em sua forma mais pura: conhecimento passado de geração em geração, enraizado no cotidiano, mas capaz de emocionar plateias nos grandes palcos do Brasil.
🧬 Legado cultural
Nelson fez aniversário em 12 de março e partiu em 2022, deixando um legado imenso. Sua trajetória é uma prova viva de que a arte não tem idade, nem limites, e que o talento pode florescer a qualquer momento da vida. Deixou a esposa e companheira de palco, a cantora Benedita da Silva, além de nove filhos, trinta netos, cinco bisnetos — e uma marca indelével na identidade musical de Marechal Deodoro.
Seu nome ecoa como o som da rabeca que ele mesmo criou — um som que nasceu no barro, subiu pela madeira e se eternizou na alma do povo.
TAVARES BASTOS

Nascido em 20 de abril de 1839, na antiga Cidade das Alagoas — atual Marechal Deodoro —, Aureliano Cândido Tavares Bastos foi advogado, jornalista, político, filósofo e um dos maiores intelectuais da história do Brasil Imperial. Com apenas 36 anos de vida, construiu um legado que o consagrou como patrono da cadeira nº 35 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Rodrigo Otávio.
Filho do bacharel José Tavares Bastos e de Rosa Cândida de Araújo, iniciou os estudos com o pai, latinista e professor de filosofia. Formou-se em Direito pela tradicional Faculdade do Recife, em 1859, onde conviveu com nomes que fariam história no cenário jurídico e político brasileiro.
🏛️ O mais jovem deputado do Império
Aos 22 anos, Tavares Bastos foi eleito deputado geral por Alagoas, tornando-se o mais jovem parlamentar da legislatura. Ocupou o cargo por três mandatos (1861–1870), e usou sua tribuna com coragem, denunciando abusos, propondo reformas e enfrentando o conservadorismo da época.
Seu compromisso com o futuro do Brasil o levou a defender causas como:
- A abolição da escravatura;
- A descentralização do poder e maior autonomia das províncias;
- A educação pública e laica;
- A livre navegação do rio Amazonas;
- A modernização do Estado brasileiro.
Suas ideias, consideradas progressistas e audaciosas para o tempo, renderam admiração e retaliações. Chegou a ser exonerado do cargo de oficial da Marinha após criticar, publicamente, a administração imperial.
📚 Um legado em palavras
Mesmo com uma vida curta, Tavares Bastos produziu uma obra notável. Escreveu sete livros, que ainda hoje são estudados e referenciados por estudiosos da política, do direito e da história:
- Os males do presente e as esperanças do futuro (1861)
- Cartas do Solitário (1862)
- O vale do Amazonas (1866)
- Memória sobre a imigração (1867)
- A província: estudo sobre a descentralização no Brasil (1870)
- A situação e o Partido Liberal (1872)
- A reforma eleitoral e parlamentar e Constituição da magistratura (1873)
🏛️ Patrono da Assembleia Legislativa de Alagoas
Em reconhecimento ao seu legado político, a Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas leva hoje o seu nome. A homenagem foi oficializada em 1952, por meio de um projeto do então deputado Oséas Cardoso, aprovado por unanimidade.
🌍 Um pensador universal
Tavares Bastos faleceu em 3 de dezembro de 1875, na cidade de Nice, França. Mesmo fora do país, sua voz segue viva. Ele é símbolo da força intelectual de Marechal Deodoro, da defesa da liberdade, da luta pela justiça social e da visão de um Brasil moderno e justo.
Como escreveu o autor Paulo de Castro Silveira, em sua biografia:
“Tavares Bastos foi um titã das Alagoas. Um estadista, um filósofo, um jurista. E ainda há muito a se descobrir sobre ele.”
ROSALVO RIBEIRO – O ARTISTA QUE LEVOU MARECHAL AO MUNDO

Nascido em 26 de novembro de 1865, em Marechal Deodoro, Rosalvo Alexandrino de Caldas Ribeiro destacou-se como um dos maiores pintores acadêmicos de Alagoas e do Brasil. Além de artista plástico, foi também escritor, músico e professor, deixando um legado cultural de grande relevância nacional.
Desde criança, demonstrava talento para o desenho e as artes. Aos 20 anos, recebeu uma pensão da Assembleia Legislativa de Alagoas e partiu para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Academia Imperial de Belas-Artes, conquistando, já no primeiro ano, a medalha de ouro em desenho.
🎓 Formação na França e reconhecimento internacional
Em 1888, com apoio do governo de Alagoas, viajou para a França para aperfeiçoar-se na renomada Academia Julian, onde estudou com Jean-Baptiste-Édouard Detaille, referência mundial na pintura de temas militares. Mais tarde, foi aprovado em primeiro lugar no concurso de desenho da École des Beaux-Arts de Paris, onde teve como mestres nomes como Jules Lefebvre e Léon Bonnat.
Sua obra mais célebre, “La charge” (A carga), de temática militar, foi exposta com destaque no prestigiado Salon de Paris, em 1898, e depois doada ao governo de Alagoas como símbolo de gratidão à sua terra natal.

🖼️ Estilo e produção

Rosalvo Ribeiro foi um artista de grande sensibilidade e domínio técnico. Inspirado pela pintura de interiores holandeses e pelos temas populares da Bretanha francesa, produziu obras marcadas pela luminosidade suave, o realismo poético e o olhar atento para o cotidiano, como nas telas Notícias desagradáveis (1896) e Interior com duas crianças (1899).
Dedicou-se a temas históricos, militares, retratos e cenas de gênero, com forte influência europeia, mas sem jamais perder o vínculo com o Brasil e com sua terra natal.
🧑🏻🏫 Retorno e legado em Alagoas
Após doze anos na França, Rosalvo retornou ao Brasil em 1901, estabelecendo-se em Maceió, onde passou a se dedicar ao ensino e à retratística local. Participou das Exposições Gerais de Belas Artes e recebeu menção honrosa em 1906.
Parte de sua obra encontra-se hoje preservada em espaços oficiais, como o Palácio do Governo do Estado de Alagoas, em Maceió.
Faleceu em 29 de março de 1915, deixando um legado artístico que consagra Marechal Deodoro como berço de um dos maiores nomes da pintura brasileira.