O Centro histórico de Marechal Deodoro começou a ser construído em 1660. Nele conservam-se resquícios da colonização portuguesa no Estado de Alagoas. São prédios de arquitetura religiosa, do estilo barroco, que dão valor cultural inestimável às ruas do município.
Palácio Provincial
Prédio comprado a Francisco Fernandes Lima, no ano de 1836, para ser adaptado a Palácio da Província.
Serviu de Sede do Governo Provincial até dezembro de 1839, quando a Capital da Província foi transferida para Maceió.
Em 1860 serviu para hospedar a família imperial e sua comitiva. E, a partir de 1961 passou a ser sede da Prefeitura Municipal de Marechal Deodoro.
Cadeia Pública e Casa da Câmara
Construção iniciada em janeiro de 1850, aproveitada de um antigo prédio de armazém de sal. O prédio foi estrategicamente construído na parte alta da cidade, de onde se tem a vista de toda a parte lagunar do município.
Casa de Deodoro
Prédio que segue a linha das residências do período colonial, com beiral de telha em biqueira, com acabamento de telha dupla com revestimento de massa. Tem quatro janelas e uma porta central.
Foi restaurada no ano de 1983 pela Prefeitura Municipal de Marechal Deodoro. Hoje serve como museu sobre o símbolo maior do município, o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca.
Igrejas
Visitar Marechal Deodoro é viver o incomensurável patrimônio que faz parte da história de Alagoas, do Brasil e do mundo. As mais antigas construções do centro histórico da cidade datam do século XVII sob a influência da colonização e arquitetura portuguesas.
A primeira capital de Alagoas guarda em todos os pontos uma mostra da forte religiosidade que imperava na época pelo considerável número de igrejas. Do ponto que vai desde a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, seguindo pela igreja de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora do Amparo, Igreja de Santa Maria Madalena até o Convento e Ordem Terceira de São Francisco, as construções estão dispostas de tal maneira, que formam uma espécie de “polígono sacro”. No século XVIII as ruas que ligavam os templos foram consideradas como as principais da cidade, e atraíam os moradores das redondezas para as grandes festas e procissões durante a Semana Santa.
É impossível entrar em Marechal Deodoro e não sair mais rico culturalmente, a magia expressa em suas construções é tão forte, que a sensação que se tem ao vê-las, é de ter voltado ao passado.
Igreja Santa Maria Madalena / Convento de São Francisco
O início da construção da igreja e convento foi em 1684, apesar de dois anos antes dessa data já terem chegado na cidade os primeiros membros da Ordem Franciscana. Em 1689 foi terminada a capela-mor, depois disso, as obras foram paralisadas durante 30 anos, e apenas em 1723, a primeira missa celebrada nesta igreja aconteceu na Semana Santa do ano de 1662. Mas sua obra só foi totalizada em 1793.
Sua fachada apresenta adereços em formas de plantas, confeccionados em pedra calcária; pardieiras emolduradas nas janelas do coro; a janela central apresenta um óculo que favorece a ventilação. A Capela-mor, concluída em 1689 tem teto em caixotões e, a Capela profunda tem retábulo, que é uma estrutura em pedra ou talha de madeira que se eleva na parte posterior de um altar. Este trabalho é único em todo Nordeste brasileiro. Sob o coro existe um painel de Santa Clara de Assis, pintado pelo artista plástico pernambucano José Eloy, em 1817.
No altar existe uma imagem de Cristo Crucificado, um exemplar da escola Jansenista, raríssimo. Em todo o Brasil, além desse de Marechal Deodoro, existe apenas mais um, na Bahia.
A imponência da construção se destacou diante da singeleza do casario circundante. A composição do conjunto arquitetônico é impressionante mesmo depois de alguns séculos, porque apesar da ação do tempo, a beleza e suntuosidade da construção impressionam.
A Igreja da Ordem 1ª de São Francisco, ou Igreja de Santa Maria Madalena apresentava internamente uma extraordinária suntuosidade. No convento o pátio interno tem ares de tempos medievais, por conta das colunas que sustentam os arcos em alvenaria com três cantos. Na parte superior do prédio funciona o Museu de Arte Sacra de Alagoas, que reúne todo o acervo religioso do município.
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco
Anexa a Igreja de Santa Maria Madalena foi construída durante o século XVIII, possui fachada de estilo Rococó. Uma porta única, feita em folha almofada, dá acesso ao templo que tem mais três janelas de adorno.
Igreja do Senhor do Bonfim
Primeira igreja construída no município de Marechal Deodoro. Não se sabe ao certo a data da sua construção, mas conhece-se o fato de o patrimônio ter sido estabelecido por Diogo Soares da Cunha, no ano de 1611. Sua fachada tem influência das igrejas franciscanas de outras cidades da região Nordeste.
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição
Sem registros para precisar a data de construção da matriz de Nossa Senhora da Conceição, algumas fontes indicam que a mesma já existia em 1654 e que foi edificada pelo português João Esteves, em troca das terras do atual distrito de Massagueira. Foi queimada e destruída pelos holandeses quando da invasão do território.
No ano de 1672 os habitantes da vila voltaram a levantar o monumento, que foi concluído muito anos depois, em 1783. A obra é marcada pelo predomínio dos traços do estilo rococó.
Além de toda significação religiosa que inspira, foi na matriz, em 1819, que foi empossado o primeiro governador da Capitania de Alagoas. Em 1860, o Imperador D. Pedro I, juntamente com a Imperatriz Dona Teresa Cristina visitaram o monumento. Nesta igreja foi, também, celebrado o casamento do Major Mendes da Fonseca com Rosa da Fonseca. Assim como foram, neste templo, batizados todos os seus filhos, entre eles, Marechal Deodoro.
Igreja de Nossa Senhora do Amparo
O monumento teve sua pedra fundamental lançada em 1757. Em 1819 recebeu a imagem grande que fica no altar, quatro do crucificado e mais uma da caixinha. Em 1860 sua obra foi dada como concluída, apresentando fachada com frontão brasonado em volutas e ladeados por dois pináculos. Na parte de baixo, um óculo lobulado e duas janelas sob a porta principal almofadada. Neste mesmo alinhamento frontal está a torre com uma sineira. No ano de 1683 a irmandade de Nossa Senhora do Amparo foi instituída.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
A edificação já existia por volta de 1777 sob a forma de capela, sendo orago de grande devoção entre os homens negros. Registros mostram que a construção do atual templo, maior que o anterior, foi iniciada em 1834 pela irmandade do Rosário para ser freqüentada pelos escravos e ex-escravos. Sua fachada é marcada por traços neoclassizantes.
Convento e Igreja do Carmo
Igreja do Carmo – a obra de autoria dos religiosos carmelitas não tem data conhecida de construção, mas estima-se que seja anterior ao ano de 1715. Serviu de moradia para os religiosos que construíram o Convento do Carmo e, em 1872, passou a ser Capela do Cemitério do Carmo.
Convento do Carmo – também conhecido como Convento Caiado, sua construção teve início em 1722, mas nunca foi dada como concluída, por conta da quizila judicial entre os responsáveis pela sua construção, os religiosos carmelitas, e os franciscanos. Os dois grupos religiosos disputavam a soberania religiosa local.
Igreja de Nossa Senhora do Ó
Na Igreja de Nossa Senhora do Ó, começou a ser instalada a Irmandade da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo da Reforma Calçada, em 16 de julho de 1744. Muito tempo depois, em novembro de 1870, foi entregue ao culto público completamente restaurada e serviu de capela ao cemitério público da antiga capital alagoana.
Atualmente está em grau acentuado de arruinamento, mas ainda mantém a porta de madeira almofadada e conserva na sua fachada elementos estilísticos prováveis do século XVIII, frontão típico em curva e contra-curva, similar a muitos do mesmo período.
Museu de Arte Sacra do Estado de Alagoas Don Ranulpho da Silva Farias
Convento de São Francisco
O conjunto arquitetônico Santa Maria Madalena retrata um dos mais belos exemplares da arquitetura barroca em Alagoas, merecendo destaque entre os demais monumentos históricos do Estado pela riqueza de detalhes que compõem a obra e por ter sido cenário para as mais diversas ocupações ao longo dos três últimos séculos.
O marco inicial de sua construção remonta a 1635, quando na antiga Vila de Alagoas do Sul foi construído o recolhimento de palha e ramagem para abrigar Frei Cosme de São Damião e seu secretário, que integravam a leva de fugitivos oriundos de Pernambuco no período da dominação holandesa.
Em 1657, a câmara e o povo de Santa Maria Madalena da Lagoa Sul dirigiram uma petição a Frei Panta Leão Batista, prelado maior da custódia de Santo Antônio, da capitania da Bahia, solicitando a construção de um mosteiro em alvenaria no lugar de onde esteve o primeiro recolhimento.
A 4 de dezembro de 1660, Frei Pedro de São Paulo dá início à construção do convento franciscano. Em 1684 foi lançada a primeira pedra para a construção do atual edifício – Igreja e Convento. As obras sofreram uma longa paralisação de trinta anos, tendo sido o prédio concluído em 1723, embora, muito antes os religiosos já residentes utilizassem algumas dependências para ministrar aulas de Gramática para a população local. Em 1793 veio a ser terminada a fachada da Igreja, dando conclusão à obra – mais de três séculos e meio desde a sua iniciação.
No início do século XX, na decorrência de um processo de esvaziamento gradual sócio-econômico e religioso da cidade, o edifício que abrigou o Convento passou a ser utilizado como acampamento para soldados do 20º Batalhão de Caçadores de Maceió, entre os anos de 1821 a 1839; abrigo para desabrigados das secas do sertão; e ainda outros usos que acarretaram danos de diversas ordens ao edifício.
Prestou-se ainda para abrigar o Seminário Diocesano de Alagoas durante dois anos, e em 1915, a instalar o Orfanato de São José, o qual foi transferido para uma edificação anexa, construída no próprio terreno do Convento.
Em 1984, a estrutura física do conjunto arquitetônico sofreu mais algumas alterações para instalar o Museu de Arte Sacra do Estado de Alagoas, que perdura até hoje, mantendo um acervo com mais de 200 peças, entre esculturas em madeira dourada e policromada, pinturas sobre tela, mobiliários, jóias e objetos litúrgicos em ouro e prata, alfaias em geral. Tudo produção dos séculos XVII, XVIII e XIX.
Principais Peças
Santa Maria Madalena
Técnica: escultura em madeira, dourada e policromada
Autoria: não identificada
Época: século XVIII
Origem: não identificada
Dimensões: 0.96 m x 1.00 m x 0.60 m
Nossa Senhora Divina Pastora
Técnica: escultura em madeira, dourada e policromada
Autoria: não identificada
Época: possivelmente século XVIII
Procedência: Igreja do Senhor do Bonfim de Taperaguá
Dimensões: 0.87 m x 0.65 m x 0.39 m
São Roque
Técnica: escultura em madeira, dourada e policromada
Autoria: não identificada
Época: possivelmente século XIX
Procedência: Nossa Senhora do Amparo
Dimensões: 1.80 m x 0.90 m x 0.50 m
São Francisco
Técnica: escultura em terra cota, dourada e policromada
Autoria: não identificada
Época: século XVII
Procedência: Museu Dom Ranulpho (Maceió)
Origem: não identificada
Dimensões: 1.91 m x 0.75 m x 0.45 m
Nossa Senhora do Rosário
Técnica: escultura em madeira policromada
Autoria: não identificada
Época: possivelmente século XVIII
Procedência: Igreja Nossa Senhora do Rosário
Dimensões: 1.33 m x 0,51 m x 0.40 m
Acervo
O conjunto arquitetônico logo se destaca por conservar o espírito barroco da arquitetura religiosa luzitana. Aberto ao público em 5 de agosto de 1984, o Museu de Arte Sacra de Alagoas reúne todo o acervo sacro da primeira cidade alagoana, num ambiente que transpira ares medievais e mantém, séculos após sua criação, a elegância e harmonia do estilo rococó.
Seu acervo possui peças em ouro, prata, madeira policromada e barro dos séculos XVII, XVIII e XIX. Peças como o Cristo Crucificado e o Cristo Morto, do século XVIII, chamam a atenção dos visitantes para a coleção de esculturas cristãs, verdadeiras preciosidades. Entre elas, destacam-se as imagens dos santos-de-roca (bonecos que têm o rosto esculpido e cujo corpo é uma estrutura de madeira coberta por roupas) da qual Nossa Senhora do Rosário ganhou uma representação.
Partindo de um saguão que destaca o mobiliário de época usada em sacristias e palácios episcopais, o visitante pode contemplar, ao longo de cinco salas sucessivas, raríssimas imagens que representam as venerações mais presentes da vida cristã alagoana – São Benedito, Divina Pastora, Nossa Senhora do Rosário, Santo Antônio e muitas outras. Juntas aos objetos de ourivesaria litúrgica e cristã, em ouro e prata, compõem um conjunto de singular beleza e preciosidade.
No grupo de imagens alusivas aos Passos da Paixão, destaca-se o Senhor Morto (século XVIII) pela excelência do trabalho escultórico e a mobilidade dos braços, como também por ser o único santo do pau-oco existente no acervo. Além das citadas, podemos destacar uma outra raridade do século XVII: Nossa Senhora do Ó, sendo esta a peça mais antiga do museu. Merecem destaque ainda a imagem de Nossa Senhora da Conceição e São Francisco – as duas únicas esculturas de terra cota policromada.
Igreja de Santa Maria Madalena
Na Semana Santa do ano de 1662, nela foi cantada a primeira missa, e a 4 de outubro, a Igreja de Santa Maria Madalena recebeu o sacrário. No início do ano de 1689 foi concluída a construção da capela-mor. E em 2 de julho de 1692 se abriram os alicerces para mais corpo da igreja. Sua construção durou mais de um século e sua conclusão foi em 1793.
Em estilo rococó, a Igreja de Santa Maria Madalena diverge, quanto à disposição da torre, do restante das casas franciscanas do Nordeste. O retábulo (ornamento localizado na parte posterior de um altar) da capela-mor exibe talhas contemporâneas à Capela Dourada de Recife – com a mesma expressão e em escala maior – colocando-o entre os melhores retábulos do país. Outro destaque é a escada que liga a sacristia ao pavimento superior do convento, elaborada em belíssimos motivos fitomórficos.
Descrevendo este belo exemplar de grande valor cultural, encontramos na sua fachada os seguintes destaques: os ornatos fitomórficos em pedra calcária comum na região. Padieiras emolduradas nas janelas de coro. Sobre a janela central, um óculo para favorecer a ventilação e mais um, em formato oval, na base de sua torre.
O altar é composto por ramagens, folhas de palmeiras, flores e frutas, assim como motivos míticos e antropomórficos. No centro está o Trono Eucarístico, logo abaixo o querubim Atlantes (masculino) e Cariátede (feminino); o brasão da Ordem Franciscana e a coroa imperial. O altar-mor é separado da nave por um arco cruzeiro. Nela existem três altares laterais feitos no século XIX.
Do lado direito de quem entra na nave, que é única e espaçosa, podemos ver outro altar – para alguns historiadores com beleza artística inferior aos demais – que abriga uma das peças mais importantes da arte sacra brasileira: o Cristo Crucificado – uma bela escultura em madeira, rica em detalhes anatômicos. Este belo exemplar da escola Jansenista é raríssimo no Brasil, onde só há dois: o que está localizado no Museu de Artes Sacras de Alagoas e um outro em terras baianas.
A capela-mor possui teto em caixotões e a capela profunda com retábulo, cujo trabalho não existe igual em todo o Nordeste. Sob seu coro, um painel ilusionista: Santa Clara de Assis, pintura de autoria de José Eloy, artista pernambucano, datada de 1817.
Na parte central da nave, encontra-se um medalhão apresentando a cena da “Indulgência da Porciúncula”, uma grande escultura de autoria desconhecida, que passou a ser conhecida como o “Perdão de Assis”.
Ainda na parte lateral da nave, à direita do altar, encontramos um Cristo Crucificado em estilo barroco, diferente do Cristo imolado na cruz. Este com uma nova conotação: os seus braços estão em sentido vertical, cabeça erguida como uma atitude em desafio à morte.
A imponente fachada é composta em três arcos centrais, com grades em madeira e uma outra ao lado que dá acesso à portaria do convento. Entre a galilé (alpendre anexo ao corpo principal da igreja) e a porta única de entrada para a nave, existe um espaço destinado que, na época em que foi construída, destinavam-se ao pernoite dos peregrinos ou aos escravos para assistirem os atos litúrgicos.
Segundo historiadores, o fato da Igreja de Santa Madalena ter sido construída em vários períodos diferentes da história, resultou numa obra que reúne vários estilos arquitetônicos diferentes, tornando-a um grande monumento do patrimônio histórico brasileiro.
Museu de Arte Sacra de Alagoas
Convento de Santa Maria Madalena da Ordem de São Francisco
CEP: 57160-000 – Marechal Deodoro/AL
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