Iluminação pública de ruas do Centro será apagada nesta quinta para Procissão do Fogaréu

Cortejo marca a retomada de uma tradição católica perdida há quase 200 anos.

Secom Marechal

Foto: Pascom Marechal

A retomada de uma tradição cultural e religiosa irá deixar ruas do centro histórico de Marechal Deodoro às escuras nesta quinta-feira (14). É que a comunidade católica da cidade irá retomar a Procissão do Fogaréu, uma encenação da perseguição a Jesus Cristo como parte das celebrações da Semana Santa.

Na celebração, homens vão vestidos de farricocos, uma espécie de representação da guarda judaica, e carregam tochas para fazer a iluminação das ruas.

A procissão sai da Igreja Conventual Santa Maria Madalena e passa pelas Ruas São Francisco de Assis, Santa Maria Madalena, São Pedro e 18 do Forte de Copacabana, até retornar a Igreja Conventual Santa Maria Madalena.

O cortejo segue ao ritmo dos surdos, que ditam a frequência de passos dos fiéis que acompanham o evento.

Apesar dessa representação ser de fácil visualização no imaginário popular, nenhum deodorense vivo tem uma recordação sequer de como esse evento acontecia, uma vez que a última procissão do fogaréu ocorreu há quase 200 anos. Ainda assim, o historiador Pedro Paulino da Fonseca, retratou em seu livro “Velha Cidade das Alagoas – Recordações de suas antigas festas”, de 1.895, relatou uma cena possível de ser imaginada.

“Era bonito de longe, de um ponto elevado, nesta noite de lua clara vêr essa imensa cobra de fogo, como em zig-zag, subindo e descendo as ruas e ladeiras, ora encobrindo-se em parte, vendo-se a cabeça lá e a cauda cá. O efeito do préstito com centenas de luzes era espetacular”, descreveu o historiador.

Foto: Pascom Marechal

Para o prefeito de Marechal Deodoro, Claudio Filho Cacau, o resgate a essa tradição mostra a importância do apoio do município aos movimentos religiosos da cidade.

“Marechal Deodoro é parte da história de Alagoas e do Brasil. A procissão do fogaréu é realizada em outras cidades, mas como aponta a própria Igreja Católica é parte da história da nossa cidade. Por isso precisamos apoiar esse evento de demonstração de fé e de resgate histórico-religioso da nossa terra, o que virá a embelezar ainda mais a principal festa do catolicismo, a Páscoa”, disse Cacau.

Já o coordenador da Comissão de Organização da Semana Santa 2022, Fernando Cavalcanti, afirmou que a busca pelo sagrado fez com que a comunidade decidisse realizar a procissão da mesma forma que ocorria no passado.

“O desejo de iniciar os resgates culturais e religiosos em nossa comunidade surgiu à partir da vontade de vivermos essas celebrações, como no passado, para que tivéssemos uma semana santa com mais contato com o Sagrado. Para isso, fizemos pesquisas documentais e com pessoas da comunidade, e descobrimos as riquezas que estamos tornando públicas nessa semana, como a Procissão do Fogaréu. Falamos de Resgate, porque eram celebrações que já aconteciam em nossa cidade, com grande investimento e expectação à época”, concluiu Fernando.

Serviço

O quê: Procissão do Fogaréu
Quando: Quinta-feira (14), às 23 horas
Onde: Igreja Conventual Santa Maria Madalena (R. Dr. Melo Moraes, 1-117 – Vila Santa Maria Madalena, Marechal Deodoro)