Na Flimar, inclusão social e visibilidade de gênero são pautas de tarde na Praça Pedro Paulino
Mesas-redondas do Auditório Tavares Bastos discutiram literatura em libras e Lei Maria da Penha; espaço segue com programação até o sábado (25)
Texto: Felipe Miranda/Fotos: Hiarlley Sabino
A primeira tarde de palestras do Auditório Tavares Bastos foi importante por algumas razões bem pontuais. Na 8ª Festa Literária de Marechal Deodoro, a praça Pedro Paulino recebeu, nesta quarta-feira (22), um público disposto a discutir assuntos delicados, pertinentes e necessários à vida em sociedade: violência contra a mulher, a situação do surdo na Educação brasileira e o valor histórico e cultural no âmbito arquitetônico. Para dialogar sobre as temáticas, a Flimar trouxe nomes de peso.
Com mediação da jornalista Acassia Deliê, a mesa-redonda “Literatura em Libras” prendeu a atenção dos estudantes presentes com provocações sobre o acesso da pessoa surda à educação básica, por exemplo. Num país em que mais de 10 milhões de habitantes são surdos, a realidade assusta. É que há 15 anos a Língua Brasileira de Sinais foi instituída como a segunda língua oficial do Brasil.
“Existem surdos que sabem ler e outros que não. Assim como qualquer indivíduo, o surdo possui seu próprio universo. O que não podemos ignorar é que a nossa língua oprime. O sistema educacional é cruel. Alguns surdos não aprenderam a ler pela debilidade no acesso ao aprendizado correto, nada tem a ver com a sua condição física”, afirmou o mestre e doutor em Linguística pela Universidade Federal de Alagoas, Jair Barbosa, que compôs a mesa ao lado das professoras Cristina dos Anjos e Danielle Caldas.
Cristina fundou a primeira EJA bilíngue do Estado e Danielle é criadora do projeto Mão nas Artes, que faz um trabalho de inserção literária nas escolas do Estado.
“Nós traduzimos para Libras quatro poemas de Paulo Caldas, filmamos e distribuímos o material em unidades de ensino. Como uma forma de propiciar o primeiro contato com a linguagem dos sinais e de reforçar o valor da fantasia no processo de aprendizagem”, explica Danielle, que atua como pedagoga e psicóloga especializada na área há 15 anos.
Outra mesa-redonda da tarde foi a que reuniu a delegada de polícia Luci Mônica, a Conselheira da OAB, Eloina Braz, e a Procuradora do Estado de Alagoas, Marialba Braga. Juntas, elas trouxeram experiências estarrecedoras sobre o tema violência doméstica e Lei Maria da Penha no Estado. “O termo Feminicídio foi criado para dar visibilidade às centenas de vítimas de violência contra a mulher. Antigamente não existiam estatísticas quanto ao número de crimes no âmbito doméstico, por exemplo. Não se sabia que a cada 3 segundos uma mulher é morta dentro de casa”, disse Luci.
Segundo um estudo realizado pela delegada, situações contínuas de violência acabam, quase sempre, em morte. “Meu estudo revelou que a maioria das vítimas são assassinadas enquanto dormem. São dados como esse que fazem necessários espaços como esse aqui na Flimar.” Na ocasião, o número 181, utilizado para denúncias desse tipo, foi reforçado, bem como a trajetória da mulher até os dias de hoje.
“A mulher precisa se empoderar e assegurar seus direitos. Ela precisa entender que pode vestir o que quiser, ficar com quem quiser e saber identificar as diversas facetas de violências as quais estão sujeitas. Sexual, moral, física, psicológica. Não podemos mais ficar caladas”, concluiu.
A mesa “Patrimônio Arquitetônico: é tempo de preservar”, trouxe Marcus Tadeu, Mario Aloisio, Josemary Omena e Lucio Santos encerrando o primeiro dia de Flimar no auditório.
PERTINHO DALI
Ainda próximo ao Auditório Tavares Bastos estão situados dois espaços bacanas que valem a visita, a Casa Ifal, que reúne apresentações acadêmicas de estudantes e servidores de todos os campi do Instituto Federal de Alagoas, e a casa onde a Imprensa Oficial Graciliano Ramos está comercializando diversos títulos do catálogo a preços especiais.
PRÓXIMOS DIAS
24 de novembro
14h00: Papo de Escritor: a literatura contemporânea em Alagoas, com Ari Denisson, Bruno Ribeiro, Cosme Rogério, Richard Plácido, Tazio Zambi e meadiação da professora Elaine Raposo.
15h30: Resistência- racismo em tempos de intolerância, com Mãe Neide, Arisia Barros, Claudilene Silva (UFBA) e mediação de Dênison Queiroz.
17h00: Inovação e empreendedorismo na rota da transformação social, com Wilson Junior (Destak Magazine), Ricardinho Santa Ritta e mediação de Rodrigo Lucena.
18h00: Tavares Bastos – um alagoano visionário, com Luís Vilar
25 de novembro
14h00: Sou mulher e escrevo, com Amanda Prado, Arriete Vilela, Érica Matias, Lisley Nogueira, Marta Eugênia e mediação da professora Elaine Raposo.
15h30: Novos olhares! Novos Leitores!, com Ique Carvalho, Matheus Rocha e mediação de Frini Georgakopoulos.
17h00: Literatura de cordel – em verso e prosa o orgulho de ser nordestino, com Bráulio Bessa e Hugo Novais.