Em abertura oficial, Flimar reúne 300 músicos para encontro de gerações
Filarmônicas da cidade se apresentaram nessa quarta-feira (22), no Cais da Lancha; maestros receberam troféus e Prefeito Cacau presentou população com ônibus dedicado à arte
Texto: Felipe Miranda/Fotos: Wellington Alves e Hiarley Sabino
Ninguém em sã consciência ficou alheio à abertura da 8ª Festa Literária de Marechal Deodoro nessa quarta-feira (22). Quem estava dentro de casa foi para a janela espiar, quem estava dirigindo estacionou para assistir e todo mundo marcou presença no Cais da Lancha pela noite para ver de perto as filarmônicas da cidade. É que desde cedo elas invadiram as ruas daquele jeito: no passo coreografado de quem desfila por amor e com um brilho que ia além das vestes coloridas, era percebido no olhar.
Faltou espaço para tanta gente reunida, mas sobrou arrepio e boas notícias. Das centenas de pessoas presentes à orla Lagunar, apenas 300 eram músicos e ex-componentes das filarmônicas Aconchego, Santa Cecília, Carlos Gomes, Manuel Alves e Boa Viagem que aceitaram um desafio nostálgico. No Dia do Músico, um encontro de gerações fez tremer o chão de Marechal. Os antigos integrantes tocaram com os jovens músicos e a homenagem de nada teve de simbólica. O prefeito Cláudio Filho Cacau, fez questão de garantir isso.
Um ônibus foi doado aos músicos para transportar todos de forma gratuita diariamente. A ideia é garantir a continuidade dos estudos e o maior acesso da população às filarmônicas. À arte. “Esse compromisso que firmo com vocês é um sonho dos deodorenses que se tornou meu também. Esse ônibus vai ter motorista e combustível pago pela prefeitura. É hora de levar nossa música para todos os lugares”, disse o prefeito em pronunciamento oficial durante a abertura da Flimar.
As emoções da noite estavam apenas começando. Parece até que o Superintendente de Apoio à Produção Cultural, Paulo Poeta, estava prevendo a grandiosidade da noite quando declamou versos do poeta Paulo César Pinheiro. “Como filho do deodorense Zeca Pedrosa, que começou a aprender música na banda da filarmônica Santa Cecília, sei bem da importância de tudo que é feito por aqui. Meu pai foi embora para ser maestro no exército brasileiro e levar nossa música pra outros Estados. O poema que separei hoje é dedicado a essa paixão. A música”, disse ele.
A cada depoimento dado durante a abertura, os centenas de músicos em posição no Cais da Lancha tocavam uma obra diferente. Impressionante mesmo é dizer que todas as cinco bandas tocaram juntas. A cada obra um maestro assumia a regência de todos os mais de 300 músicos e, de longe ou bem próximo do palco, deu para perceber a emoção tomar conta do Maestro Claudio Nascimento (Aconchego), do Maestro Aurélio (Carlos Gomes), do Maestro Altamiro (Manuel Alves), do Maestro João (Boa Viagem) e do Maestro Gerson Geraldo (Carlos Gomes). Pela coragem e dedicação empenhadas ao longo dos anos, estes e outros maestros presentes foram agraciados com o Troféu Professor Manuel Alves de França.
o Secretário de Cultura de Marechal Deodoro, Diego Lima, a entrega dos troféus, a Flimar e todas as boas notícias da noite são frutos do respeito e cuidado com as tradições locais que a atual gestão tem. Ele aproveitou a ocasião para ressaltar o amor que move a comunidade deodorense. “É muito difícil manter uma filarmônica hoje em dia, com tanta informação circulando e a própria internet. Com tantas outras músicas que nos envolvem mais rápido. Ser músico é ter dom, está na alma e no sangue. Nossa atração principal durante essa Flimar são os nossos músicos. A comunidade inteira estará aqui pelos próximos dias para prestigiar a todos vocês.”
O público ainda pode assistir às apresentações culturais do grupo Transart, da Escola Estadual Rosa da Fonseca e da Escola Municipal Manuel Messias, que apresentaram, respectivamente, espetáculos sobre Tavares Bastos e Nelson da Rabeca, os grandes homenageados da edição. A noite foi encerrada com o show “O Som que Ecoa Alagoas”, que reuniu no palco o músico suíço Tomas Rohrer, Nelson da Rabeca e Dona Benedita, fazendo o povo dançar e ir para casa orgulhoso e pedindo mais.
E vai ter. A Flimar segue com programação musical, de mesas redondas e bate-papos até o sábado (25), sempre das 13h às 00h.