Escritora Argentina escreve sobre o sucesso da Flimar
Voltar para Marechal Deodoro é como retornar à magia. Chove com intensidade. Nos recebe uma visão quase onírica da Igreja, recortada contra o fundo cinza do céu. A banda de pífanos nos chama suavemente e, pouco a pouco, caminhando pelas ruas sinuosas, nos somamos à festa. Marechal, como o centro de um antigo ritual, começa a ser regida pela deusa da poesia. Os relógios tornam-se preguiçosos e o tempo ondula entre os versos, histórias e palestras. Arriete Vilela comove-nos com o seu trabalho, nos provoca, nos faz pensar. Janaina Amado revela a poesia e a vida de Jacinta Passos. Então, atraídos pela magia, chegam outros poetas e contadores de histórias. Inácio Loyola Brandão nos enfeitiça. Como um professor que ensina as primeiras letras, leva-nos pela mão pelo ofício do escritor. Parece simples. No entanto, aqueles que já tiveram a audácia de tentar, sabem que a simplicidade só vem com trabalho duro e constante. A festa cresce, multiplica-se em escolas, praças e ruas. Marechal Deodoro parece vibrar e o tempo não está disposto a expandir-se para nos permitir participar em tudo. Estamos embriagados com música e literatura. Marina Colasanti tira proveito da situação e nos engana: acreditamos que vamos ouvi-la, entretanto, nos leva em viagem. Nós viajamos ao redor do mundo e do tempo em poucos minutos, ela deixa-nos numa ilha deserta, faz-nos lutar com Dartagnan e somos resgatados pelos Sete Anões, enquanto Chapeuzinho Vermelho e o Lobo jogam-nos aos piratas. Que viagem deliciosa! Então, nos espera uma aula magistral de Antonio Torres, as exposições de Mauricio Mello Júnior, Homero Fonseca, Luiz Sávio de Almeida, Ovídio Poli Junior e tantos outros. A festa chega ao fim e assim, após a serenata, dizemos adeus com a promessa de nos reunir novamente na próxima Flimar. * é poeta e editora em Buenos Aires contato: adriana@editorialmagdala.com